Friday, May 13, 2011

Prefácio - Predestinação

Talvez nenhum ensinamento da Bíblia seja mais odiado do que o seu ensino claro e recorrente de que Deus é Todo-poderoso. A frase “a soberania de Deus” é frequentemente usada por pastores e pregadores, e religião é algo muito popular na América. Todo mundo fala sobre Deus, mas o Deus sobre quem eles falam não é o Deus da Bíblia, e o que eles querem dizer com a frase “a soberania de Deus” carrega pouca semelhança à doutrina bíblica do poder de Deus.

Homens pecadores, como Paulo explicou em Romanos 1, não gostam de reter a ideia de Deus em suas mentes, de forma que tentam suprimir a ideia inata de Deus que possuem fabricando ídolos e colocando esses ídolos, que chamam de Deus, no lugar do Deus da Escritura. Ateísmo, a negação absoluta de Deus, é um fenômeno relativamente raro na história do pensamento humano. O que corre solto são as muitas formas de falsa religião. Esse ódio devoto e religioso a Deus é encontrado em todas as culturas e em todas as épocas. Há dezenas de milhares de falsas religiões (o número delas é limitado somente pela imaginação criativa de homens pecadores), e as chamadas grandes religiões mundiais – hinduísmo, islamismo, budismo, catolicismo e judaísmo – são exemplos de tais falsas religiões inventadas pelos homens (e demônios) a fim de suprimir a verdade de Deus e da Escritura.

Mesmo em muitas igrejas chamadas cristãs, as ideias falsas sobre Deus prevalecem. Igrejas nominalmente cristãs ensinam que Deus ama todo o mundo e tem um plano maravilhoso para a sua vida. Mas a Bíblia contradiz essa noção de Gênesis a Apocalipse. “Amei a Jacó, e odiei a Esaú” (Rm 9.13), diz Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento. (Digo tanto Antigo como Novo Testamento, pois muitas igrejas afirmam falsamente que o Deus do Antigo Testamento é muito diferente do Deus do Novo.) Jesus disse de Judas Iscariotes que seria melhor se ele jamais tivesse nascido, por causa do castigo horrível que ele receberia por seus pecados. A noção que Deus ama todo o mundo é patentemente falsa.

A maioria das igrejas tem rejeitado a doutrina bíblica de Deus porque Deus não se encaixa na teologia imaginativa deles. Deus é todo-poderoso, mas muitas igrejas adoram um deus cujo poder é limitado pelo suposto livre-arbítrio do homem. Deus é absolutamente justo, mas as igrejas adoram um deus que ignora o pecado e aceita homens pecadores da forma como eles são. Deus conhece todas as coisas, mas muitas igrejas adoram um deus que é ignorante quanto aos atos futuros dos seres humanos. Deus planejou toda a história, em cada detalhe, mas a maioria das igrejas adora um deus que está valentemente lutando para cumprir os seus propósitos, a despeito do curso da história. Muitas igrejas adoram um deus que deseja que todo o mundo seja saudável, feliz e rico, mas Deus escolheu indivíduos específicos para a salvação, e ele não lhes prometeu toda a saúde, riqueza ou felicidade desse lado da eternidade. Muitas igrejas adoram um deus ignorante e fraco, mas o Deus das Escrituras é aquele cujos olhos estão sobre tudo, e cuja mão alcança todos os lugares. Ele não irá, como diz a Escritura, de forma alguma inocentar o culpado – e todos nós somos culpados. Assim como Deus não nos criou para o nosso prazer, mas para o seu, assim também ele não redimiu o seu povo por causa das boas qualidades deles, mas unicamente por causa de suas boas qualidades. Ele é tanto o Criador todo-poderoso como o Redentor Misericordioso; ele não é um criado que atende aos nossos caprichos.

Neste livro, o Dr. Gordon H. Clark, o maior filósofo cristão do século vinte, apresenta o ensino bíblico da soberania de Deus. Ele começa com a doutrina da criação, uma doutrina sob contínuo ataque nos últimos 140 anos por homens modernos que não desejam reter a Deus em suas mentes. Mas o Dr. Clark vê, mais claramente do que muitos criacionistas, que a criação exige onipotência; e se alguém acredita na criação, tal pessoa está logicamente compelida a acreditar na onipotência de Deus. Deus é literalmente o Deus Todo-poderoso. Ele pode fazer tudo o que desejar, e ninguém pode dizer-lhe, “O que você está fazendo?”.

Muitos livros foram escritos sobre o assunto de predestinação, mas este é de longe o mais claro e mais bíblico dos livros já publicados. Peço ao leitor que o leia cuidadosamente. Não seja enganado pela aparente simplicidade do autor ou seu estilo de escrita. Muitos hoje confundem confusão com profundidade, e quando encontram um livro livre de confusão, eles pensam que o livro é superficial. Predestinação – tanto a doutrina como este livro – não é superficial; é profunda e clara. Estude-a bem. Deus exige que o amemos de toda a nossa mente, e a melhor forma de fazê-lo é começar estudando o caráter de Deus mesmo como Todo-poderoso.

John W. Robbins

Abril de2006

Prefácio - Fé e Fé Salvadora

Muito antes de os teólogos neo-ortodoxos pensarem em dizer que fé é um encontro com uma pessoa divina, e não um assentimento a uma proposição, pregadores que deveriam saber mais ensinavam que fé é confiar numa pessoa, não acreditar num credo. Anos mais tarde, este escritor, quando um adolescente, foi informado que algumas pessoas perderiam o céu por quarenta centímetros – a distância entre a cabeça e o coração – pois elas acreditavam no Evangelho com suas cabeças, mas não com o seu coração. Hoje é mais fácil para um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que achar um ministro – um ministro conservador – que não creia e ensine que uma pessoa deve ter um relacionamento “pessoal” com Cristo para ser salva. Mas no que consiste esse relacionamento “pessoal” não é deixado explícito, e quando o é, contradiz o que a Bíblia ensina sobre fé salvadora. O resultado é que tanto cristãos como não cristãos estão desesperadamente confusos ou totalmente enganados. Talvez o mundo não esteja respondendo à nossa mensagem porque a mensagem está ilegível. Nós, nem eles, sabemos exatamente o que devemos fazer para termos a vida eterna.

Declarações como essas sobre a cabeça e o coração e confiar numa pessoa, não acreditar num credo, não são apenas falsas; elas criam as condições para a emergência de todos os tipos de subjetivismo religioso, desde o modernismo ao movimento carismático e além. Ninguém jamais perderá o céu por quarenta centímetros, pois não há distância entre a cabeça e o coração. “Como imaginou no seu coração, assim ele é” (Pv 23.7). O contraste cabeça/coração é uma ficção da psicologia secular moderna, não uma doutrina da revelação divina. São Sigmund, não São João, controla o púlpito em muitas igrejas.

Além do mais, “confiar numa pessoa” é uma frase sem significado a menos que signifique assentir a certas proposições sobre uma pessoa, proposições tais como “Creio em Deus Pai Todo-poderoso… e em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao mundo dos mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu e está sentado a direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos”. Confiar em Cristo, a menos que isso signifique acreditar nessas proposições, é totalmente sem valor. “Cristo” significa essas proposições – e muitas outras, sem dúvida, mas no mínimo essas. Ninguém que confia no Cristo de Barth, Brunner, Renan ou Tillich será salvo.

Quanto a ter um relacionamento “pessoal” com Cristo, se a frase significa algo além de assentir a proposições verdadeiras sobre Jesus, o que é esse algo mais? Uma ardente sensação interior? Café tem o mesmo efeito. Certamente relacionamento “pessoal” não significa o que queremos dizer quando conhecemos alguém pessoalmente: talvez tenhamos apertado a sua mão, visitando a sua casa ou ele a nossa, ou almoçado com ele. João teve um “relacionamento” pessoal com Cristo nesse sentido, assim como todos os discípulos, incluindo Judas. Mas muitos de cristãos nunca tiveram isso, e Jesus os chama de bem-aventurados: eles não viram, todavia creram. A diferença entre Judas e os outros discípulos não é que eles tiveram um relacionamento “pessoal” com Jesus e ele não, mas que eles acreditaram, isto é, assentiram a certas proposições sobre Jesus, enquanto Judas não acreditou naquelas proposições. Crer na verdade, nada mais nada menos, é o que separa o salvo do condenado. Aqueles que mantêm que existe algo mais além da crença, estão, de forma muito literal, além da crença.

Nas páginas que seguem, o Dr. Clark defende a visão que fé é assentimento a uma proposição, e que fé salvadora é assentimento a proposições encontradas na Bíblia. Fé salvadora não é um encontro indescritível com uma pessoa divina, nem conhecimento do coração em oposição à conhecimento da cabeça. De acordo com o autor de Hebreus, aqueles que chegam até Deus devem crer pelo menos em duas proposições: que ele existe, e que ele é galardoador daqueles que o buscam diligentemente. Encontros irracionais e relacionamentos sem sentido não são fé salvadora. A verdade é proposicional, e uma pessoa é salva e santificada somente ao acreditar em declarações verdadeiras. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.

O aspecto anti-intelectual de quase todo pensamento moderno, desde a cadeira universitária ao banquinho do bar, controla o púlpito também. É esse anti-intelectualismo piedoso que enfatiza o encontro ao invés da informação, a emoção em vez do entendimento, o relacionamento “pessoal” no lugar do conhecimento. Mas os cristãos, escreveu Paulo, têm a mente de Cristo. Nosso relacionamento com ele é intelectual. E visto que Cristo é a sua mente e nós a nossa, nenhum relacionamento poderia ser mais íntimo do que esse. Esse é precisamente o porquê as Escrituras usam a analogia do casamento para ilustrar o relacionamento intelectual entre os cristãos e Cristo.

Esse reconhecimento da primazia do intelecto, a primazia da verdade, é totalmente ausente da teologia contemporânea. Um dos maiores teólogos e escritores deste século, J. Gresham Machen, escreveu um livro intitulado What Is Faith? [O que é fé?] há cinquenta anos. Suas palavras são tão apropriadas hoje como então:

Essa tendência anti-intelectual no mundo moderno não é algo insignificante: suas raízes estão profundas em todo o desenvolvimento filosófico dos tempos modernos. A filosofia moderna… tem tido como sua nota dominante, certamente como seu resultado hoje, uma depreciação da razão e uma resposta cética à pergunta de Pilatos, “O que é a verdade?”. Esse ataque sobre o intelecto tem sido conduzido por homens de nítidos poderes intelectuais; mas um ataque está presente. E, finalmente, os resultados lógicos disso, mesmo na esfera prática, estão começando a aparecer. Uma característica evidente dos dias atuais é um declínio intelectual lamentável, que tem aparecido em todos os campos do empreendimento humano, exceto aqueles que lidam com coisas puramente materiais. O intelecto tem sido intimidado há tanto tempo na teoria que ninguém pode se surpreender se ele agora deixar de funcionar na prática…

Com relação à tendência anti-intelectual no mundo moderno, será um propósito principal deste pequeno livro defender a primazia do intelecto, em particular tentar demolir a falsa e desastrosa oposição que tem sido levantada entre conhecimento e fé.

Esse, também, é um propósito principal deste pequeno livro. As páginas seguintes argumentam que é racional crer no que Deus diz; é irracional não acreditar em Deus. Nenhum argumento é mais urgentemente necessário do que esse.

John W. Robbins

31 de março de 1983

Prefácio - O Logos Joanino

O título deste livro, O Logos Joanino, pode intimidar alguns leitores. Tal reação é compreensível, embora injustificável. Numa era quando livros religiosos populares (eu não disse livros cristãos!) carregam títulos como Atitudes para ser Feliz e Dinheiro, Sexo e Poder, O Logos Joanino parece tanto maçante como difícil. Ele não promete excitação nem felicidade; pior ainda, o leitor nem mesmo tem certeza de como as palavras Joanino e Logos deveriam ser pronunciadas, muito menos o que elas significam.

Mas o leitor não deveria ser desencorajado pelo título, pois o assunto do livro é muito interessante. De fato, se o leitor estiver mais interessado em dinheiro, sexo e poder do que em teologia cristã, há algo radicalmente errado com ele. Ele, mais do que os outros, precisa ler este livro.

O Logos Joanino lida com o próprio significado do cristianismo. O Dr. Clark não está discutindo questões triviais ou acadêmicas, mas a natureza da fé salvífica, da verdade e do próprio Cristo. Quanto ao título intimidador, Joanino é simplesmente o nome João colocado na forma de um adjetivo, assim como Paulo torna-se Paulino e Pedro, Petrino. A palavra grega logos é a palavra da qual obtemos a nossa palavra portuguesa lógica. Na Bíblia ela é comumente traduzida como palavra, doutrina, ensino, etc. O Logos Joanino é, portanto, um estudo de como o apóstolo João usa a palavra logos em seus escritos. Visto que João a usa para referir-se tanto a Cristo como ao que ele ensinou, o apóstolo identifica Cristo como o que ele ensinou. De fato, Cristo mesmo disse, “Eu sou a verdade”.

Algumas das implicações desse ponto óbvio e elementar são surpreendentes para alguém adaptado ao suposto cristianismo da América do século vinte, pois temos sido ensinados que a fé não é uma questão da cabeça, mas do coração; temos sido informados que crer na verdade é um ato frio e impessoal, e que precisamos de um relacionamento pessoal caloroso com Deus; e temos ouvido dizer que fé é confiar numa pessoa, não acreditar numa proposição ou concordar com um credo. Temos sido ensinados que há dois tipos de verdade, ou duas “dimensões” da verdade, intelectual e pessoal – como se pessoas não tivessem intelectos, e intelectos não fossem pessoas – e que a “verdade pessoal” é superior à “verdade intelectual”. Temos ouvido dizer que ser ou tornar-se um cristão significa ter um encontro ou uma experiência ou um relacionamento com Cristo, não simplesmente crer na Bíblia. Toda essa confusão contemporânea não tem nada a ver com cristianismo, se por cristianismo queremos dizer o que a Bíblia ensina, não o que as igrejas ensinam.

Assim como Cristo corrigiu alguns dos erros ensinados pelos líderes religiosos dos seus dias em seu Sermão do Monte, o objetivo de O Logos Joanino é corrigir alguns dos erros dos líderes religiosos contemporâneos. Clark pretende esclarecer o que o apóstolo João – e, portanto, o Espírito Santo – ensina sobre doutrina e vida. Em dúvida, João mesmo deixa isso claro: ele cita Cristo dizendo “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63) – mas o “cristianismo” contemporâneo é tão oposto à ideia que palavras, doutrina e verdade são vida que Clark foi obrigado a gastar mais de cem páginas para explicar esse ponto elementar. A sociedade oriental da primeira metade do século I aparentemente não era tão irracional quanto a sociedade ocidental do século XX.

Infelizmente, alguns leitores serão persuadidos, a despeito dos extensos argumentos escriturísticos deste livro, que Clark está apresentado aqui uma novidade, um novo ensino que é duvidoso na melhor das hipóteses e herético na pior. Tamanha é a extensão da ignorância contemporânea – e arrogância – que muitos que sustentam visões contrárias à Escritura estão convencidos que eles são ortodoxos e que qualquer pessoa que discorde deles está em erro. Já passaram-se quinze séculos desde que Agostinho foi acusado de reduzir Deus a uma proposição porque ele insistia, com a Escritura, que Deus é a verdade. À medida que adentramos na Nova Idade das Trevas, a mesma objeção será feita contra Clark.

Todavia, o leitor crente se beneficiará imensamente deste livro. Se Agostinho conseguiu luz de umas poucas velas um pouco antes da Noite espiritual chamada Idades das Trevas envolver o mundo por mil anos, talvez Gordon Clark consiga um pouco mais de luz. Oremos para que a Noite vindoura seja curta, e uma aurora desperte o mundo rapidamente.

John W. Robbins

18 de março de 1989

Prefácio - A Trindade

O cristianismo sempre teve seus oponentes, incluindo muitos que se professam cristãos. Alguns desses inimigos da fé menosprezam a doutrina e louvam a prática, exortando os cristãos a mais e mais ações em vez de aprendizado inútil, especulação e controvérsias doutrinárias causadoras de divisão. Ainda outros depreciam a doutrina e insistem que a santidade consiste em ouvir Deus como ele nos fala através da igreja, dos amigos e de nosso coração.

A estas pessoas, e aos cristãos enganados por elas, um livro inteiro sobre a Trindade deve ser um enigma. Por que alguém leria um livro como esse, sem falar em escrevê-lo? Alimentar os famintos e abrigar os sem-teto não são coisas mais importantes que entender a diferença entre homoousios e homoiousios? Quem afinal liga, pouco que seja, para sabelianismo e arianismo? Esquadrinhar o próprio coração não é mais importante que esquadrinhar um tratado sobre a Trindade?

Infelizmente para essas pessoas, elas estão enganadas, e erros como esse podem lhes custar suas almas. Cristianismo não é ação nem introspecção: é verdade. Cristianismo é doutrina, ensino, teoria, verdade; não é prática, ação ou alvoroço. Sem dúvida certo tipo de comportamento é resultado do cristianismo, mas o comportamento em si não é cristianismo. Confundir as duas coisas é cometer um erro tão sério quanto confundir justificação e santificação, fé e obras. Qualquer um confuso sobre esses pontos corre risco de inferno. Todavia é muito popular hoje em dia em alguns círculos alegadamente cristãos se enfatizar a ação e ignorar a doutrina, como se a ação fosse a coisa importante. Esse ponto de vista é estranho às Escrituras, que ensinam justificação por meio da fé somente e santificação por meio da verdade. O apóstolo Pedro, para citar apenas um exemplo, diz-nos que todas as coisas que pertencem à vida e à piedade vêm por meio do conhecimento de teologia. Todas as coisas. Mas a ênfase de Cristo, de Paulo, de João e de Pedro ― isto é, a ênfase de Deus ― no conhecimento encontra-se totalmente ausente na igreja cristã professante. Sentir e fazer, e não conhecer, têm primeiro lugar na vida da maioria das igrejas e cristãos.

Por vezes não cristãos, e até mesmo anticristãos, entendem o cristianismo melhor do que cristãos, ou pelo menos melhor do que aqueles que se pretendem cristãos, mas não o são. Um desses anticristãos que entendia muito bem a importância da doutrina de Deus viveu cem anos atrás. Ele escreveu:

Quando se abandona a fé cristã, subtrai-se de si mesmo também o direito à moral cristã. Esta não é absolutamente algo evidente em si: precisamos sempre enfatizar esse ponto, apesar dos cabeças-ocas ingleses. O cristianismo é um sistema, uma visão elaborada e total das coisas. Se arrancamos dele um conceito central, a fé em Deus, despedaçamos também o todo: já não temos nada de necessário nas mãos.[1]

O autor dessas palavras é Friedrich Nietzsche, que odiava Cristo e tudo o que ele representava. Mas Nietzsche pelo menos entendia o que Cristo representava. É impossível dizer isso acerca de muitos cristãos hoje. Esperamos que este livro seja usado por Deus para preservar e proteger a sua verdade contra seus inimigos e pretensos amigos.

John Robbins

10 de dezembro de 1984



[1] Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos (São Paulo: Companhia das Letras, 2006). p. 65.